terça-feira, 11 de março de 2008

Entendendo a mitologia

Os mitos são a língua figurada das origens. Freud chamava-lhes complexos, Jung arquétipos e Platão denominava-os idéias. Eles explicam a origem de uma instituição, de um costume, a lógica de uma aventura e/ou a economia de um dito espirituoso. São, segundo Goethe, ligações permanentes da vida.” (Luc Benoist, 1999)
O mito não é uma inverdade nem um exagero. É uma metáfora para os mistérios que estão além da compreensão humana. É uma comparação que, através de analogias, auxiliam o homem a entender ele mesmo. Por isso, sob esse aspecto, o mito não é uma mentira, mas uma forma de chegar a uma verdade profunda.
Eles são frutos da necessidade do homem de entender e comunicar, uma metáfora, uma conotação daquilo que não tem como ser falado nem pensado, pois estão ligados a fatos desconhecidos. É uma manifestação em imagens simbólicas da energia interna do homem.
Tentam mostrar o que não pode ser captado de outra maneira. É o limite, a conexão entre aquilo que pode ser conhecido e o que nunca será descoberto, pois é um mistério transcendente a toda pesquisa humana.
Estão relacionados com a psique humana e são manifestações culturais da necessidade universal de explicar as realidades sociais, cosmológicas e espirituais.

O mito é uma história com ação, personagens e um tempo não científico que permite que a visão do atemporal resplandeça, assim como os contos de fadas. É como se fosse um sonho conscientemente moldado ou despersonalizado.
Joseph Campbell, em entrevista com Bill Moyers, conta que o caráter cosmológico do mito é citado num livro de John Nelhardt, Fala o Alce Negro.

Alce Negro era um índio Sioux, Dakota, um menino de nove anos que ficou psicologicamente doente (típica história de xamanismo), sinal de que seria o próximo xamã da tribo. Numa visão, ele fez uma formulação que o mitólogo acredita ser a chave para entender todos os símbolos e mitos:
“Vi a mim mesmo na montanha central do mundo, no ponto mais alto. E tive uma visão porque via de uma forma sagrada o mundo. Mas a montanha central está em todo lugar”.

Assim, os mitos são tentativas de explicar o que está em todo canto e, portanto, em cada um. As imagens dos mitos são os reflexos de potencialidades espirituais profundas. Quando são contemplados, esses poderes podem atuar favoravelmente na própria vida do indivíduo, auxiliando-o.

Um comentário:

Interferência disse...

Oi, cheguei aqui através do blog do Ruan.

Já tinha me chamado a atenção pelas referências aos textos do Ronaldo Passarinho, que sempre leio no jornal e na internet (ORM e Cinética).

Mas gostei mesmo foi de ver esse post sobre mitologia: eu também tive que estudar sobre mitos para o meu tcc (no caso, como cinema e quadrinhos utilizam narrativas mitológicas, especialmente na figura do herói). Desde então, venho procurando mais referências nesse campo e, por isso, ler esse texto foi muito bom! Torço pelo sucesso da sua monografia!