sábado, 9 de junho de 2007

Nas palavras de quem entende

Museu de Arte Contemporânea, em Niterói.
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“Pra tudo tem que dar uma explicação. A mediocridade ativa é uma merda”. Com essa e outras, Oscar Niemeyer – A vida é um sopro aos pouco vai modelando a personalidade do genial arquiteto brasileiro que imprimiu na paisagem formas capazes de surpreender quem passa diante das enormes estruturas que, invariavelmente, se destacam no meio onde são construídas.
Em 90 minutos, o documentário conta a história dessas obras espalhadas em vários cantos do mundo, desde a sede da ONU, em Nova York, até a sede do partido comunista, em Paris.
São construções que têm o poder peculiar de representar o lugar em que são concebidas. Um exemplo disso são os táxis do Rio de Janeiro que possuem um esboço com as curvas de uma estrutura feita por Niemeyer no Estado.
Ele conta que as formas grandiosas que tanto valoriza no momento de desenhar um novo projeto são feitas para alegrar os olhos do cidadão comum, pois Oscar sabe que nem todos poderão utilizar aquele espaço, como destacou apontando para um objeto triangular grafado com as palavras “fodido não tem vez”.
O longa-metragem, além de ser uma aula de arquitetura nas palavras do próprio mestre, também conta com relatos de escritores como José Saramago, Carlos Heitor Cony e Eduardo Galeano. E, para enriquecer ainda mais, o filme mostra imagens raras de Sartre, durante uma vista a São Paulo, falando sobre o governo do cubano Fidel Castro
Também assistimos a um retrospecto sobre o início de Brasília, momento em que a vida de Oscar Niemeyer se entrelaça ainda mais com a história do Brasil.
De lá para cá, sempre tratando do mesmo assunto, ele confessa que está "um pouco cansado de falar de arquitetura. Porque as coisas se repetem, a conversa é a mesma, as perguntas são as mesmas". Fora as explicações que o público exige, por exemplo, diante da ausência de árvores na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Quanto a isso, o arquiteto explica que, por ser uma praça cívica, as árvores dariam sombra, mas esconderiam o principal: a arquitetura. Projetado da maneira que foi, o indivíduo pode ver, de qualquer canto, os três prédios (aaaaaaahhhhhhh, agora eu entendi!).
Para quem ainda não assistiu, é uma dica. Além da oportunidade de conhecermos mais sobre a história do Brasil e das pessoas que o compõe, é sempre bom escutar sobre um assunto nas palavras do próprio apaixonado.

2 comentários:

Oswaldo Ferreira disse...

Niemeyer é fantástico. Apesar dele apenas fazer os desenhos e os engenheiros que se virem para idealizar suas idéias. o Museu do Olho aqui em Curitiba é uma de suas mais belas criações, enorme, imponente e lindo.
Sou um admirador desse homem quase centenário.

Unknown disse...

Não conheço o trabalho de Niemeyer, portanto agradeço pelo post, realmente ficou muito bom. Obrigado por corrigir meus erros de Português. Excelente Burle, Parabéns.