segunda-feira, 26 de maio de 2008

Introdução às próximas postagens baseadas na monografia A Universalidade Atemporal do Mito no Cinema

Tanque de água, símbolo do inconsciente.

Há alguns meses, o Ronaldo me adicionou no blog dele de cinema. Então, como ainda estou em fase de mudança e sem internet, vou postar alguns trechos da minha monografia que foi uma fiel companheira nos últimos meses. Explicando resumidamente, ela trata das repetições nas estruturas e nos conteúdos de filmes, além de abordar também essas constâncias principalmente em mitologias, religiões, contos de fadas e ritos xamânicos.
O problema proposto foi o de tentar entender o que incide sobre as narrativas para que elas sejam tão semelhantes, mesmo quando construídas em épocas e lugares completamente diferentes. Em outras palavras, estudar o que motiva aquela uniformidade que ocorre no momento em que alguém conta uma história que deveria ser nova.
A hipótese é de que exista uma ligação entre os indivíduos que transcende o espaço e o tempo. Algo que é inerente à espécie humana e que faz os homens explicarem e narrarem alguns fatos metafísicos com metáforas através de imagens, seja pelos mitos, sonhos ou filmes, já que são explicações impossíveis de serem transmitidas por palavras (objeto utilizado pelo consciente) e que, por isso, precisam ser expressas por meio de símbolos (objeto do inconsciente).
No documentário O Poder do Mito, o jornalista Bill Moyers fala que, para Campbell, “a mitologia era a canção do universo tão enraizada no nosso inconsciente coletivo que dançamos ao som dela mesmo sem saber o nome da melodia”. Histórias como as mitológicas estão e sempre estarão presente na humanidade por serem próprias da psique do indivíduo. A força criadora do mito, do sonho e das narrativas em geral não morre. E é justamente por essa jocosidade e maleabilidade incomparáveis que ela é capaz de adaptar-se a situações sempre novas de um modo sempre vivo.
São arquétipos que estão presentes em todos nós e, conseqüentemente, nas nossas obras e nos nossos pensamentos. Somos livres para desprezarmos as mitologias e teologias, mas isso não impedirá que continuemos a nos alimentar de mitos degenerados e de imagens degradadas por toda a vida.
E mesmo com tanta repetição, vamos ao cinema e nos emocionamos com as mesmas histórias de ontem que fazem parte do nosso presente e chegam até nós por todos os lados de forma contínua, repetitiva, simbólica e enigmática.
É claro que não vou reproduzir a monografia inteira aqui. Vou tentar fragmentá-la em textos soltos e independentes. Se alguém se interessar, logo vou colocar o link para download. Entre os teóricos utilizados, estão: Baudrillard, Benjamin, Bettelheim, Campbell, Durand, Eliade, Jung, Propp e Vogler.