terça-feira, 17 de junho de 2008

Relembrando o que é cinema

Fim dos Tempos, até o cartaz é ruim

Já acordei atrasada. Pulei da cama. Fiquei de arrumar a casa antes de a Ana chegar da praia. Depois da limpeza, corri para o banho. Ainda deu tempo de esquentar o resto da pizza de anteontem. Entre quatro pedaços engolidos, o telefone. "Estou na porta, estamos atrasados". Dez minutos para o início da sessão. Engarrafamento. Inexplicavelmente, a moça desconfia da veracidade da minha carteirinha de meia-entrada.
Ainda conseguimos chegar na metade do trailer do novo filme do Zé do Caixão. A expectativa deve causar muita fome no Ronaldo. Hoje ele comprou dois cachorros-quentes para comer durante a sessão. Fim dos Tempos começou meio sem graça e...terminou ainda pior do que qualquer um poderia prever.
O roteiro é ruim. Não dá para se identificar com nenhum dos personagens. Nem mesmo com o casal que, por sinal, não convence. As tentativas de emocionar são trágicas. Fora algumas poucas cenas, como a morte da velhinha e o buraco no teto do carro, nada que se sobressaia. Um final anticlímax de um filme medíocre de plantinhas balançando ao vento que deixam os atores mais aterrorizados que o necessário. Foi pior do que limpar a casa numa terça de manhã.
Que me desculpem os fãs do Shyamalan, mas o único motivo de alguém dizer que gostou do filme é a vontade de permanecer ao lado de uma minoria supostamente mais entendida e iluminada. As superinterpretações que estão surgindo para tentar levantar a obra lembram as críticas das artes plásticas.
O dia só não foi um completo fracasso porque a senhora da pipoca nos deu um baralho de brinde. Com tudo mais tranqüilo, passamos o resto da noite jogando buraco, tomando sorvete e assistindo Clint Eastwood para não esquecer do bom cinema. Mesmo assim, fico curiosa para saber qual será a próxima bomb...ops..obra do M. Night. Quem dirigiu filmes como O Sexto Sentido, Corpo Fechado e A Vila ainda deve ter algo de bom para mostrar. Se não tiver, talvez eu faça o favor de emprestar a ele alguns dos roteiros velhos e empoeirados que meu irmão escreveu quando era criança.