segunda-feira, 29 de junho de 2009

Reis nunca morrem

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Ninguém duvida que o assunto das próximas semanas será a morte de Michael Jackson. Os principais jornais do mundo estampam o fim da linha para o gênio musical. Com uma vida conturbada, o cantor entrou para a história como o maior talento artístico pop. Colecionando altos e baixos, o astro conseguiu a proeza de se endividar, foi envolvido em polêmicas de pedofilia e passou por metamorfoses que nortearam e marcaram grande parte da sua carreira.
O principal motivo da morte, segundo o médico particular do cantor, seria uma parada cardíaca após excesso de medicação para lesões em uma vértebra e uma perna, resultado de uma queda no palco durante os ensaios para uma turnê de 50 shows em Londres, que começaria em julho. Os ingressos já esgotados atestam que mesmo depois de tantos anos longe dos palcos, Michael ainda era um fenômeno.
Da mesma forma como a sua morte, muitas das transformações da estrela foram sempre justificadas por quedas em ensaios. Assim aconteceu com o início das operações no nariz, justificado, é claro, por um acidente no palco. Há quem diga que as cirurgias aconteceram para que o cantor alcançasse melhores notas. Até hoje, tantas mudanças são perguntas sem respostas.
E esses são só alguns dos mistérios intermináveis que envolveram o ídolo. No final de dezembro do ano passado, jornais britânicos e alguns sites como Terra e UOL, no Brasil, divulgaram o que seria uma descoberta do então biógrafo Ian Halperin (ex-jornalista da Rolling Stone). Jackson estaria com enfisema pulmonar, insuficiência respiratória, perda quase total da visão do olho esquerdo e dificuldade na fala. “Faz anos que os médicos tentam acompanhá-lo, mas não há progresso. A medicação só tem como função fazer com que ele não piore”, completou o biógrafo ao jornal The Sun, em 2008.
Sobre a morte, Caetano Veloso escreveu: “Os talentos artísticos extraordinários frequentemente coincidem com vidas torturadas e enigmáticas. Dançando 'Billie Jean' na festa da Motown, ele foi, sim, tão grande quando Fred Astaire: comentava o Travolta de 'Saturday night fever' e o Bob Fosse do 'Pequeno Príncipe' ”.
A revolução do pop
O caçula do grupo Jackson 5 nunca será esquecido pelo que fez no auge de sua carreira. Os álbuns Off the wall (1979); Thriller (1982), o mais vendido na história com 100 milhões de cópias; e Bad (1987), que rendeu um vídeo dirigido por ninguém menos que Martins Scorsese, dominaram o mundo com canções como Thriller (e seu genial balé de mortos-vivos), Beat it, Billie Jean e Human nature. Foram 750 milhões de discos vendidos. Um marco na indústria fonográfica. Foram 25 Grammys, 19 em carreira solo e seis com The Jacksons (como Jackson 5 passou a se chamar após um imbróglio na Justiça).
The girl is mine, Say say say, Black or White e We are the World foram um marco. Este último, o próprio Michael escreveu em apenas um único dia e arrecadou 200 milhões de dólares para a luta contra a fome na Etiópia. Também não dá para esquecer o famoso passo moonwalk (andando na lua), em que o astro arrastava os pés para trás.
As acusações
A trajetória do cantor ganhou contornos de thriller quando surgiram acusações de abusos sexuais envolvendo crianças. Os problemas começaram em 1993. Um ano depois, ele pagou alguns milhões aos pais do garoto para que o caso parasse por ali. Em 2003, num documentário exibido pela Tv britânica, Michael declarou sobre as crianças: “Já dormi na mesma cama que muitas delas, como o ator Macaulay Culkin e seu irmão Kirean. Quando a gente fala em cama, as pessoas pensam em sexo. Mas não é nada disso, apenas dormimos. Coloquei-os na cama e os cobri. É muito agradável”.
No final do mesmo ano, ocorreu o mais sério dos incidentes: ele recebeu dez acusações relacionadas ao abuso de um adolescente de 13 anos e ainda de conspiração com fins extorsivos, sequestro de menor e fornecimento de agente tóxico com a finalidade de cometer delito. A polícia vasculhou o rancho Neverland durante 14 horas e nada foi encontrado. Ele foi inocentado. Entre as testemunhas de defesa, estava Macaulay que, ao contrário da versão de um ex-funcionário de Michael, negou ter sofrido abuso. Após o caso, o cantor afirmou que sairia de lá: “Nunca mais vou morar lá. É uma casa agora. Não é mais um lar. Vou apenas visitá-la”. Mais tarde, por problemas financeiros, acabou vendendo o local.
As dívidas
A decadência moral foi acompanhada do fiasco financeiro e de outras pequenas loucuras. O astro vendeu parte dos direitos da obra dos Beatles e também o seu rancho Neverland, inspirado em Peter Pan, na Califórnia, com mais de 1.300 hectares e que contava com parque de diversões e até zoológico particular.
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Trabalho que fiz para o Jornal Mural da empresa

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